Quando aportou no México, em 1519, o conquistador espanhol Hernán Cortés teve uma grande surpresa.
Em vez de ser recebido por hostis soldados aztecas, prontos a defender o seu território, ele foi coberto de presentes, oferecidos pelo imperador Montezuma.
Para os nativos, Cortés era nada menos que Quetzacóatl, o deus dourado do ar que, segundo a lenda, havia partido anos antes, prometendo voltar algum dia.
De acordo com a crença, Quetzacóatl tinha plantado cacaueiros como uma dádiva aos imperadores.
Com a semente extraída da planta, acrescida de mel e baunilha, os aztecas confeccionavam uma bebida considerada sagrada, o tchocolat. Para o povo azteca, o ouro e a prata valiam menos que as sementes de cacau - a moeda da época.
De volta a Espanha, em 1528, Cortés levou consigo algumas mudas de cacaueiro, que resolveu plantar pelo caminho.
Primeiro nas Caraíbas - no Haiti e em Trinidad - e, depois na África.
Chegando à Europa, ofereceu a Carlos V um pouco da bebida sagrada azteca, o bastante para que o rei de Espanha ficasse extasiado.
A receita, aprimorada com outros ingredientes (açúcar, vinho e amêndoas), era guardada em segredo pelos zelosos espanhóis.
Apenas mosteiros previamente escolhidos eram autorizados a produzir o tchocoat, já com o nome espanhol chocolate.
Pouco a pouco, porém, os monges passaram a distribuí-lo entre os seus fiéis.
O chocolate era uma pasta espessa e de gosto amargo, apesar do açúcar que lhe haviam adicionado os espanhóis.
Foi justamente para amenizar a inconveniência da massa granulada, difícil de digerir, que o químico holandês Conraad Johannes van Houten começou a interessar-se por um novo método de moagem das sementes. Em 1828, Van Houten inventou uma prensa capaz de eliminar boa parte da gordura do vegetal.
Mas isso não era tudo. Faltava saber o que fazer com a gordura sólida que sobrava da prensagem.
Os técnicos da indústria adicionaram pasta de cacau e açúcar à massa gordurosa e confeccionaram a primeira barra de chocolate do mundo - tão amarga, porém, quanto a bebida que lhe deu origem.
Tempos depois, o suíço Henri Nestlé (1814-1890) contribuiu para que o doce começasse a parecer-se com as tabletes de hoje. De uma das suas experiências resultou um método de condensação do leite, processo até então desconhecido, que seria utilizado em seguida por outro suíço, Daniel Peter (1836-1919).
Por sorte, ele morava no mesmo quarteirão de Nestlé e, ao saber da sua descoberta, ocorreu-lhe misturar o leite condensado para fazer a primeira barra de chocolate de leite.