Vítimas de ataque em Realengo homenageiam famílias dos EUA
RIO — A notícia sobre o assassinato de 26 pessoas, entre elas 20 crianças, na escola pública Sandy Hook, em Connecticut, nos Estados Unidos, sensibilizou profundamente familiares, amigos e sobreviventes do massacre da Escola municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, no subúrbio do Rio de Janeiro. Na manhã de sábado que vem, os integrantes da Associação de Familiares e Amigos dos Anjos de Realengo, entidade criada por familiares de 11 das 12 crianças mortas, farão uma homenagem às vítimas nos EUA e aos seus parentes. A iniciativa vai acontecer em frente à escola, na Rua General Bernardino de Matos, a partir das 8h. A manifestação vai contar com faixas em cartazes com mensagens alusivas à tragédia nos EUA.
- Quando soube do que aconteceu perdi a voz de tanta emoção. Foi um choque muito grande. É um sinal de impotência enorme. Chorei por saber o que estavam sentindo as mães naquele momento. A lembrança do que passamos veio na hora e pensei no sofrimento, na dor que aqueles pais, aquelas crianças da escola estavam tendo. É uma dor que não tem cura. Por isso, por sabermos, no Brasil, o que aquelas pessoas estão passando nos Estados Unidos, faremos uma homenagem a elas. Vamos transmitir o nosso carinho, nosso apoio, nosso pedido para que Deus os proteja - comentou, emocionada, Adriana Maria Silveira Machado, presidente da associação dos anjos de Realengo, que é mãe de Luiza Paula da Silveira Machado, morta aos 14 anos na chacina da Tasso da Silveira, em 4 de abril de 2011.
No sábado passado, um dia após a tragédia, integrantes da associação dedicaram sua página na internet “aos irmãos da escola Sandy Hook”. Postaram notícias sobre o crime e votos de solidariedade. Adriana lembra das muitas manifestações de carinho que as famílias receberam de todo o mundo, após a repercussão das mortes na escola de Realengo.
O noticiário sobre as mortes na cidade de Newtown trouxe imagens tão fortes como as que a dona de casa Andreia Freitas dos Santos, de 39 anos, teima em não esquecer. Um de seus quatro filhos estudava na escola naquele ano e só não estava lá no momento por um acaso do destino. Andreia mora em frente à escola e conta que pensou que o barulho dos tiros fossem bolas de festa sendo estouradas. Depois, viu crianças ensaguentadas serem postas na calçada oposta à da escola.
- Lembrei de tudo, das crianças mortas na calçada com pessoas tentando socorrê-las. Eu e meus filhos ficamos muito emocionados. Meu filho Jonathan tinha repetido de ano e, por isso, não estava na sala naquela hora. Mas deveria estar na escola por que estava tendo reforço escolar. Todos os que morreram eram seus amigos. Hoje, a Jennifer (de 10 anos) estuda na Tasso da Silveira. Ela viu comigo toda a confusão depois dos tiros. Foi uma cena horrível. Agora, vamos orar muito e pedir a Deus que traga algum conforto para as famílias americanas - disse Andreia. - Alguma coisa aconteceu na família dele (do assassino). Como pode um filho matar a própria mãe?