Mulher bonita é aqui

17/11/2012 08:07

 

 
 

Não é de hoje que Niterói tem o status de ser uma cidade repleta de mulheres lindas. Recentemente, o site americano Ask Men, dedicado ao universo masculino, foi a campo e listou os lugares com maior concentração de beldades no mundo. Ao longo de meses, a equipe da revista digital percorreu as principais cidades e catalogou o maior número de mulheres bonitas encontradas por metro quadrado. O bairro de Icaraí ficou no topo da lista, colocando Niterói na frente de Milão, na Itália; Copenhague, na Dinamarca; Praga, na República Tcheca; Miami e Los Angeles, nos Estados Unidos; Estocolmo, na Suécia; e Montreal, no Canadá, entre outras.

Sérgio Mattos, um dos principais agentes de modelos do mundo, confirma esse potencial da cidade.

— Niterói revelou fenômenos consagrados do mundo da moda, como a Raica Oliveira e a Juliana Galvão. Estou sempre aqui nas finais de concursos e em desfiles e eventos. Muito antes de saber desta pesquisa, eu já considerava a cidade como um celeiro de beldades. Sempre tive um olhar especial para essa região — comenta Mattos, que está à frente da agência 40º Models.

Com olhos atentos e muita sensibilidade, o agente descobriu nomes como Nathalia Kaur, Carolina Abbott, Amanda Noronha, Carolina Frieb e Júlia Danke, todas niteroienses, que começam a despontar no cenário fashion nacional e internacional.

De acordo com Mattos, o primeiro passo após a descoberta da modelo é o trabalho de lapidação.

— A produção do material fotográfico é o primeiro passo para criarmos uma identidade visual que será apresentada ao mercado. As mais comerciais são direcionadas à publicidade; e as mais fashion, para a passarela. E como a cidade está em alta, é preciso atentar para o aparecimento de agentes picaretas, que só querem ganhar dinheiro. Sempre que possível, é bom que a menina esteja acompanhada pelos pais — diz ele.

Niteroienses fazem bonito aqui e no exterior

Nathalia Kaur deixou Itaipu para conquistar a Índia. Aos 14 anos, sem muita pretensão, ela participou de um concurso de modelos na cidade e logo caiu nas graças dos olheiros, que a direcionaram para a 40º Models. No início, participou de muitas campanhas e editoriais de moda, até que, em 2011, recebeu uma proposta para ir à Índia. Depois de 20 dias lá, ela retornou ao Brasil mas, devido às propostas que continuou recebendo, renovou o visto do passaporte e voltou para o país da Ásia.

— Quando eu menos esperava, fui chamada para fazer cinema em Bollywood. O primeiro filme foi “Dev son of Mudde Gowda” (Dev, o filho de Mudde Gowda). Fui uma das protagonistas do longa, que é uma comédia romântica. No ano seguinte, venci o reality “Hunt for the Kingfisher Calendar 2012” (programa que seleciona modelos para participar do principal calendário indiano) e participei de dois filmes: “Department” (Departamento) e “Dalan”. A partir daí, fiquei conhecida no país e inúmeros convites começaram a aparecer para televisão e capas de revista. Acho que conquistei a Índia — brinca Nathalia, hoje com 22 anos, que aproveita alguns dias de férias em Niterói.

A busca pelo sucesso

Ganhar o exterior é objetivo também de Carolina Abbott, de 16 anos, que já negocia propostas de trabalhos em Milão e Nova York. A jovem, que mora em Itaipu, foi o rosto da última campanha do Plaza Shopping, realizada em setembro.

— Foi emocionante ver meu outdoor espalhado pela cidade, com os dizeres “A moda desfila aqui. Sou Carolina Abbott e sou de Niterói” — comenta a modelo, relembrando o carinho dos niteroienses que passaram a identificá-la pelas ruas.

Outra aposta para o circuito internacional é Julia Danke, de 19 anos, moradora de Santa Rosa. Ela, que já fez algumas capas de revistas, desfilou para marcas como Colcci e Cantão e participou de inúmeras campanhas publicitárias. Sobre o futuro da carreira, ela aposta, ansiosa:

— Já trabalhei em todo o Brasil. No início do ano que vem, gostaria de ir para a Ásia. Temos um agente internacional na equipe, que nos direciona para os lugares que buscam mais o nosso tipo físico. E o meu perfil é mais procurado na Ásia. Mas, além disso, pretendo cursar a faculdade de Direito. Além da importância de ter uma formação, é necessário derrubar o mito de que as modelos são burras, pois o preconceito ainda é forte.

Amanda Noronha, de 18 anos, também sonha com passarelas no exterior. A morena, que mora em Icaraí, já fez catálogos, editoriais e desfiles.

— Gostaria de trabalhar na Europa. O que mais me encanta na minha profissão é isso, a possibilidade de viajar, de conhecer pessoas de diferentes lugares e ter contato com novas culturas — diz.

E a busca pela perfeição

Carolina Frieb, de 17 anos, foi descoberta quando passeava com a mãe no Shopping Icaraí, aos 14. Moradora do bairro, ela fez um book, mas, no início. confessa que encarou tudo como uma grande brincadeira.

— Eu era muito nova, não estava levando a história muito a sério. Mais tarde, minha mãe achou que eu realmente deveria continuar, e eu decidi participar de um workshop promovido pelo Serginho (Mattos, da 40° Models). Fui selecionada e não tenho mais dúvidas. É isso que eu quero — comenta a jovem, que considera que os resultados dependem de um série de fatores, como cuidados diários com saúde, estética e alimentação, além de sorte, grande aliada.

Manequim grande também tem vez no universo da moda

As medidas já foram sinônimo de vergonha, mas atualmente são ostentadas com bom humor e naturalidade por esse grupo de mulheres. Excluídas dos padrões de beleza até pouco tempo atrás, a publicitária Aline Bittencourt, de 32 anos, a atriz Alana Gracindo, de 22, a telefonista Luana Lessa, de 27, a estudante de Serviço Social Deborah Chagas, de 22, e a designer Mariana Erthal, de 23, são algumas das representantes de Niterói e São Gonçalo na terceira edição do Miss Plus Size Carioca, que acontece hoje, o Clube de Espanha, na Zona Sul do Rio.

Como em todo concurso de miss, as candidatas estão ansiosas e cheias de planos profissionais. E mais do que o título, elas se unem em torno de uma causa em comum: a defesa da autoestima das gordinhas.

— A responsabilidade social do concurso é grande. A causa plus defende a autoestima de todas as mulheres, pois cada uma é linda à sua maneira — comenta Aline.

Estreante no concurso, ela começou sua nova carreira este ano, ao ser convidada para integrar o casting de uma agência de talentos, onde foi inscrever seu filho de 5 anos.

— Fiquei surpresa e até brinquei que não tinha manequim 36. Mas, depois, fui pesquisar mais sobre as possibilidades que existiam e me surpreendi. Participei de outros concursos e, agora, penso em começar a sair do país para trabalhar — planeja.

A surpresa causada em Aline pelo universo GG não assustou Deborah, que conheceu as possibilidades desse segmento por meio da internet.

— Sempre fui vaidosa e não posso negar que o concurso mexe com o ego. Estou sendo incentivada pela minha mãe, que é minha fã fiel — conta a jovem que, assim como suas colegas, cita a modelo carioca Fluvia Lacerda como um ícone de inspiração.

Já Mariana é estreante em modelagem e destaca algumas características que encontrou nos bastidores do concurso.

— Achei muito interessante a união e a amizade das meninas. Em casa, estou quebrando um paradigma, pois o meu peso era um tabu para os meus pais — comenta a loura tatuada.

Outra que está esperançosa com o concurso é Luana, que já foi eleita musa em outro concurso e teve a oportunidade de participar de alguns trabalhos como modelo.

— O concurso de miss é gratificante. Eu sempre gostei de ser vista e agora é melhor, pois estou ajudando outras mulheres a entender que são bonitas como são. Quero o título de Miss Simpatia — confessa a candidata, que almeja uma das cinco colocações previstas (primeiro, segundo e terceiro lugares, Miss Elegante e Miss Simpatia).

Já Alana, última candidata a se inscrever no concurso, diz que a participação em si já é uma honra.

— Além de melhorar a minha autoestima, ao ser vista por outras mulheres poderei ajudar muitas delas a se aceitarem como são, como eu me aceito — constata a jovem.

Saúde também é importante

Se o discurso da saúde é levantado no mundo da moda PP, o mesmo ocorre no universo GG. Usando manequins entre 46 e 50, as candidatas à miss defendem que é preciso manter uma boa alimentação e uma rotina de exercícios.

— Sabemos que estar acima do peso pode acarretar problemas de saúde. Temos que nos exercitar e cuidar da alimentação — lembra Mariana.

Além disso, Aline ressalta que alguns fatores serão observados pelos jurados:

— Não podemos estar flácidas, temos que ter a pele bem cuidada, o cabelo bonito. Na hora, são observados também critérios como postura, elegância e comportamento.

Considerada uma vítima de “dietas loucas”, Luana resume o recado que gostaria de deixar com o concurso:

— O sobrepeso e a obesidade são uma realidade atual, mas lutamos e desejamos uma sociedade saudável e que se aceite como é.