Entre Israel e Gaza, tecnologia é um soldado a mais no front
Israel busca precisão, e o Hamas, aumento do poder de fogo
RIO - A atual fase do conflito armado entre Israel e os grupos extremistas palestinos na Faixa de Gaza, como o Hamas e a Jihad Islâmica, mostra que ambas as partes buscaram tornar suas forças militares mais eficientes. Do lado israelense, a estrela é o sistema Domo de Ferro, que abate os projéteis adversários ainda no ar. Em Gaza, a novidade é o míssil iraniano Fajr-5, que pode atingir alvos a 75km de distância. Os dois lados também deram atenção aos drones, as aeronaves não tripuladas.
O grande destaque do embate não é um equipamento de ataque, mas de defesa: o Domo de Ferro, desenvolvido pela Rafael, a empresa de tecnologia militar de Israel. O sistema de interceptação começou a ser desenvolvido em 2007 e, em abril de 2011, atingiu pela primeira vez, em pleno ar, um foguete lançado de Gaza. Em março deste ano, segundo o jornal “Jerusalem Post”, o Domo de Ferro derrubava 90% dos foguetes e mísseis direcionados a Israel a partir da Faixa de Gaza. No entanto, o sistema ainda não acompanha o aumento no volume dos ataques palestinos. Ontem, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) diziam no Twitter que o sistema tinha impedido a queda de 99 foguetes vindos de Gaza, enquanto outros 105 tinham tocado o território israelense.
O Domo de Ferro não sai barato: cada míssil de interceptação custa cerca de US$ 50 mil. No momento, há quatro baterias do sistema em operação no Sul israelense, e mais uma deve entrar em operação hoje, segundo o Ministério da Defesa. Em 2011, a pasta previa investimentos de US$ 1 bilhão no Domo de Ferro. A conta fecha com a ajuda dos Estados Unidos, que já entraram com outros US$ 205 milhões e aprovaram este ano a destinação de mais US$ 680 milhões ao sistema.
Apoio iraniano
Já o Hamas conta com a ajuda do Irã, segundo o engenheiro Uzi Rubin, chefe do programa israelense de defesa de mísseis entre 1991 e 1999, para desenvolver seus drones, cuja evolução foi acompanhada por Israel durante meses. Ontem, a conta das IDF no Twitter divulgou um vídeo do que seriam testes de drones pelo Hamas. Não se sabe se eles chegaram a ser usados pelos palestinos, mas, de acordo com as forças israelenses, isso não ocorreu: “Assim era o nascente programa de aeronaves não tripuladas” da facção, diz a mensagem contendo o link para o vídeo.
Para Israel, os drones possibilitaram monitorar a chegada e o armazenamento de armas e munição na Faixa de Gaza, além do registro de imagens como a do bombardeio que matou o líder militar do Hamas, Ahmad al-Jabari, e de homens da facção escondendo mísseis Fajr-5, também usados pelos extremistas do Hezbollah, no Líbano, em áreas civis. Foi este o armamento provavelmente usado para atingir os arredores de Tel Aviv anteontem:
- Israel investe em precisão, enquanto o Hamas busca aumentar seu poder de fogo - diz Rubin.