Banho, tosa e surra em pet shop da Zona Norte
A pet shop Quattro Patas, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio, teve de ser fechada ontem à tarde, depois da divulgação de imagens de cachorros sendo espancados por um tratador. No vídeo, divulgado pelo RJTV, da TV Globo, os cães levam socos, garrafadas, são jogados contra a parede e amordaçados enquanto tomam banho. Revoltadas com as cenas das agressões, muitas pessoas ameaçaram depredar o lugar e foram contidas por homens do 3º BPM (Méier).
O agressor dos animais foi identificado como Daniel, 20 anos, filho da dona da loja, Solange Barroso. Ela alegou que não sabia das agressões, embora apareça no vídeo. A prefeitura suspendeu o alvará de funcionamento da Quattro Patas, e o caso está sendo investigado pela 26ª DP (Todos os Santos). Solange e o filho serão intimados hoje a prestar depoimento.
Donos de cães relataram que seus animais ultimamente voltavam do pet shop tristes, e alguns tinham resistiam a entrar na loja. "Daniel apanhava o Oliver para tomar banho toda quarta-feira. Quando ele entrava no carro, fazia xixi. Agora entendi que ele fazia isso por medo. E ao voltar, passava o dia inteiro deprimido, dormindo", contou a empresária Roberta Fontes, 25, dona de um chow-chow de 9 anos. "Chorei vendo as imagens", disse ela, que vai processar Solange.
A estudante Silvia Lopes, 12 anos, achava que a agitação de seu poodle ao chegar à pet shop era apenas porque o cachorro não queria tomar banho. "Não tínhamos como desconfiar que ele só não queria tomar banho. Ele nunca ficou machucado. Não tínhamos como desconfiar. Agora vamos tomar mais cuidado com isso", disse.
Animais ‘denunciam' problemas
Dono da cadela Princesa, André Guimarães, 31, afirmou ontem que agora entende por que o animal tinha medo de entrar na Quattro Patas. "Ela se encolhia toda, tadinha. Não imaginávamos que eles maltratavam os animais", lamentou ele.
Segundo veterinários, os animais que são vítimas de maus-tratos costumam apresentar alterações de comportamento após ir a lugares ou ficar sob cuidados de terceiros. Deve-se observar como eles reagem quando vão para o colo do funcionário da loja e como ele é recebido. Quando ameaçados, os cães põem o rabo entre as pernas e as orelhas para trás ou para baixo, fazem xixi quando chegam ao local e respiram ofegantes.
Lei pode ser criada
A divulgação das imagens fez com que o deputado estadual Dionísio Lins (PP) apresentasse ontem na Assembleia Legislativa projeto de lei determinando que pet shops e similares mantenham um veterinário de plantão durante seu horário de funcionamento e instalem vidros nos locais onde são realizados os serviços de banho e tosa dos animais.
‘Verdadeiro absurdo'
De acordo com Dionísio Lins, o objetivo da lei é dar segurança aos animais e tranquilidade aos donos. "O que vimos hoje foi uma verdadeira covardia. Os animais nem reagiam durante a agressão, deixando claro que aquela não era a primeira vez que eles passavam por isso, um verdadeiro absurdo que precisa ser apurado no rigor da lei", disse Lins.